Ritorna Pizzas

Essa pizzaria e eu temos uma história. Vários anos atrás, um amigo havia comentado que havia tido uma boa experiência com a pizza de uma pizzaria próxima à minha casa, e havia dito que, embora o espaço físico fosse simples, era muito acolhedor, com um atendimento muito bom, e que a pizza, que — cá para nós — é o que mais importa, era muito boa. Tratava-se da Ritorna. Guardei sua recomendação com carinho. Algum tempo depois de sua recomendação, recebi em São Paulo a família de um grande amigo meu que estava visitando a cidade pela primeira vez, e havíamos tido uma péssima experiência em uma caríssima pizzaria que vendia apenas pizzas por fatias individuais na Rua Augusta. Muitos falavam bem daquele lugar, mas eu fiquei chocado com várias das experiências lamentavelmente vividas naquele dia. Senti que eu havia decepcionado meu amigo, pois ele muito havia ouvido falar tão bem sobre a pizza de São Paulo, e não havia ficado uma boa impressão. Decidi, então, arriscar indo àquela pizzaria que meu outro amigo havia sugerido, e confiei porque sabia que ele era alguém rigoroso com a qualidade das pizzas que comia, além de ser alguém de muito bom-gosto. Partimos em direção à Ritorna já em um horário um pouco mais tarde do que costumávamos jantar, mas ainda valendo a pena arriscar para compensar a tristeza vivida na pizzaria da Augusta. Ao chegar à Ritorna, assim como meu amigo havia avisado, observei que era um local visualmente simples, mas muito bem-cuidado, limpo, organizado e acolhedor. Fomos muito bem-atendidos prontamente, e sempre com um sorriso no rosto, com um tratamento muito educado e gentil; fez com que nós nos sentíssemos como se estivéssemos chegando à casa daquele amigo (ou familiar) querido que tem todo um ar hospitaleiro, agradabilíssimo. Pouco depois de termos sido muito bem-atendidos pela garçonete, recebemos a cuidadosa e respeitosa visita da Vânia em nossa mesa, que sempre passava para saber se estava tudo nos conformes, de modo a garantir que a experiência fosse agradável do começo ao fim. Uma pessoa muito receptiva, e que vi tratar com um notável nível de respeito e profissionalismo cada um dos clientes da casa. Inclusive, ainda a respeito da Vânia, embora eu nunca tenha externado isso, posso dizer que fiquei até emocionado com a maneira que alguns dos clientes se sentiam felizes ao vê-la por lá; vários faziam questão de sair de suas mesas e ir até ela para dar um "oi" como fariam com uma amiga de longa data, pois era assim que ela acabava sendo vista por nós, de tão bem que nos tratava. Enquanto nós aguardávamos pelas pizzas, seguindo uma sugestão que me fora dada, pedi uma limonada suíça — marca registrada da casa, a ponto de ser impossível ir até lá e não pedir pelo menos uma. A princípio, ninguém queria seguir com a limonada além de mim, mas, assim que chegou, eu a ofereci para que experimentassem, e logo perceberam que ela não tinha qualquer relação com o que estavam imaginando. Essa limonada não é só um suco de limão superadocicado, que é o que muitos imaginam antes de provar; ao contrário disso, a sensação é a de que ela é quase uma Mousse de limão, com direito a raspinhas de limão, que ajudam a deixar a sensação desejavelmente aguardada de um adocicado que não pode faltar, mas que não pode incomodar, enquanto, ao mesmo tempo, traz uma leve cremosidade na textura e um agradável frescor perfumado com o cítrico do limão. Já experimentei uma miríade de limonadas suíças ao longo de minha vida; nenhuma chegou perto de ser tão boa quanto a da Ritorna. As pizzas eram muito bem-servidas, com generosas porções dos ingredientes, mesmo em relação aos ingredientes mais caros. Não observamos parte alguma queimada ou crua; tudo estava no ponto certo. A variedade de sabores é muito boa, e não existe isso de usar ingredientes de marcas mais baratas para derrubar os custos; tudo é de primeira linha, o que inclui o Catupiry, que é, de fato, o verdadeiro Catupiry. Desde então, a Ritorna passou a ser minha pizzaria favorita. Que pizzaria, meus amigos! Que experiência!